sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quando Nietzche sorriu.

"Racionalidade a posteriori - Todas as coisas que vivem muito tempo embebem-se gradativamente de razão, a tal ponto que sua origem na desrazão torna-se improvável.
Quase toda história exata de uma gênese não soa paradoxal e ultrajante para nosso sentimento? (...)
Onde os antigos homens colocavam uma palavra, acreditavam ter feito uma descoberta. Como era diferente, na verdade! - eles haviam tocado num problema e, supondo tê-lo resolvido, haviam criado um obstáculo para sua solução. - Agora, a cada conhecimento tropeçamos em palavras eternizadas, duras como pedras, e é mais fácil quebrarmos uma perna do que uma palavra".

[NIETZCHE, Friedrich. Aurora: reflexões sobre os preconceitos morais]

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O tio da Giulia


Desde o dia que "vi a mulher preparando outra pessoa e o tempo parou pra eu olhar para aquela barriga...", eu sabia que não seria mais o mesmo. De fato, não fui.

E passaram os dias, os meses. Estive longe durante boa parte desse tempo. Mas em seu primeiro respirar era como se eu tivesse junto, sentindo aquele pequeno coraçãozinho pulsando como se em mim estivesse.
Ainda não a peguei em meus braços, mas já sinto seu calor, do meu sangue que corre em suas veias.

Seria capaz de fazer um mundo pra você, diferente desse ao qual você acaba de chegar.
Mas fico certo que serás capaz de ser uma mulher de fibra, virtuosa, honesta, fiel, humana. Com princípios.
E exemplos pra você não faltam! Sua mãe e sua vó a ensinarão na escola em que aprenderam e jamais, jamais foram reprovadas.

O seu tio lhe ama, pequena. Ama muito.
Sonho em lhe dar uma prima à sua altura, linda como você, para crescerem juntas.
Mas os pais de vocês duas terão algo mais em comum do que os nomes. Eles são muito ciumentos...
Bem vinda à vida, Giulia.